Plano de saúde incorre em contradição ao
renegociar dívida e notificar sobre rescisão por falta de pagamento
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Por considerar que houve comportamento contraditório do plano de saúde, a Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) negou
recurso especial no qual a operadora sustentava a validade de rescisão
unilateral de contrato com base na inadimplência do titular. Para o colegiado,
embora o beneficiário tivesse sido devidamente notificado, a operadora, ao
renegociar a dívida e receber mensalidade mesmo após a notificação, acabou
gerando a legítima expectativa de que o plano seria mantido.
O recurso teve origem em ação de obrigação de fazer ajuizada pelo
beneficiário, para que fosse mantido o contrato de plano de saúde. A sentença julgou
o pedido procedente e foi mantida pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO).
Para o tribunal, a notificação sobre a rescisão unilateral foi inválida,
pois não foi recebida pelo titular, mas por terceiro, o que violaria o artigo 13, parágrafo único, inciso II, da Lei 9.656/1998.
O TJGO também considerou que o titular, apesar da inadimplência, renegociou a
dívida, o que tornaria a rescisão arbitrária.
Por meio do recurso especial, a operadora alegou que a notificação foi
entregue no mesmo endereço indicado pelo autor da ação na petição inicial, e
que não haveria obrigatoriedade de notificação pessoal do contratante.
Plano violou boa-fé objetiva e criou legítima expectativa de manutenção
contratual
A ministra Nancy Andrighi explicou que a Lei 9.656/1998 exige, para a
rescisão unilateral do contrato de plano de saúde em virtude de fraude ou não
pagamento das mensalidades, que o consumidor seja notificado até o quinquagésimo
dia de inadimplência.
Por outro lado, segundo a relatora, a legislação não exige expressamente
a notificação pessoal do titular, motivo pelo qual deve ser admitida
a ##comunicação## por via postal com aviso de recebimento – ela apenas
deve ser entregue no endereço do consumidor, nos termos da Resolução 28/2015 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Entretanto, embora tenha havido a correta ##comunicação## prévia, Nancy
Andrighi destacou que a operadora renegociou a dívida do titular do plano e,
após notificá-lo da rescisão do contrato, recebeu o pagamento da mensalidade
seguinte, o que caracteriza comportamento contraditório da empresa.
Essa conduta, para a ministra,
violou a boa-fé objetiva, "por ser incompatível com a vontade de extinguir
o vínculo contratual, criando, no beneficiário, a legítima expectativa de sua
manutenção".
FONTE: STJ
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